O evangelho de hoje pertence, com variações próprias a cada
evangelista, à tríplice tradição (Mc 6,1-6; Lc 4,16-24). Depois de um longo
discurso em parábolas, junto ao mar da Galileia (13,1-52), Jesus vai para
Nazaré onde, na sinagoga, ensina os que lá estavam (v. 54). Se o evangelista se
limita a dizer que Jesus ensina na sinagoga de Nazaré sem explicitar o conteúdo
do ensinamento, ele põe ênfase na admiração que tal ensinamento causa nos que
estavam presentes na sinagoga. A admiração é causada pela sabedoria e pela
força do ensinamento de Jesus. A palavra “milagre”, que é da tradução latina,
não aparece no texto grego, mas sim dynamis (poder, força). O ensinamento de
Jesus, certamente um comentário livre sobre uma passagem da Escritura, faz
sentido para os que estão presentes e, ao mesmo tempo, tem força de persuasão;
tal ensinamento, nós o experimentamos ainda hoje, comunica ânimo, um sopro que
dá alento à vida. Mas a reação do público é paradoxal, pois a resistência
ofusca a sua inteligência (vv. 55-57a). Se não fosse a incredulidade, eles
mesmos seriam capazes de responder à questão que se põem (v. 54b). Uma consideração
puramente humana e o fechamento numa ideia equivocada do Messias lhes impedem
de dar o salto da fé e se abrirem à novidade de Deus revelada em Jesus Cristo.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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