O prólogo do quarto evangelho já antecipou o tema da
rejeição do Verbo feito carne (1,5.10.11). O pecado dos judeus denunciado por
Jesus é a rejeição de sua própria pessoa e de sua missão, assim como de sua
origem divina. O pecado está em não acreditar em Jesus, em se fechar à verdade
de Deus. Mais ainda, a afirmação de Jesus sobre o pecado de seus opositores
declara, de certa forma, inútil todo o sistema religioso judaico. Sem a
aceitação da salvação em Jesus Cristo, não pode haver profunda e
verdadeiramente a purificação e o perdão como se pretendia com a festa anual de
yom kippur e todos os demais ritos e festas da religião de Israel. O apego às
coisas terrenas e às tradições humanas impede de compreender o mistério de Deus
revelado em Jesus Cristo. Jesus não fala em se matar, como suspeitavam os seus
opositores, mas serão eles que matarão o Filho de Deus. É na cruz, no entanto,
que a divindade de Jesus paradoxalmente se manifestará. Na glória da cruz a
comunhão entre o Pai e o Filho aparecerá sem sombra. Apesar de toda rejeição e
abandono, inclusive dos próprios discípulos, o Pai estará sempre com seu Filho,
permanecerá com ele na paixão e na morte.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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