É comum, hoje, entre os comentaristas de Marcos, que 16,9-20
é um acréscimo posterior. Originalmente, o evangelho de Marcos terminava no v.
8 do mesmo capítulo 16. O trecho que nos ocupa e a sua sequência (vv. 16-20)
foi composto a partir de outros textos do Novo Testamento. Como o evangelho de
Marcos não possui relatos das aparições do Ressuscitado, o autor anônimo da
inserção quis, apoiando-se em textos dos outros evangelhos e dos Atos dos
Apóstolos, fazer um resumo das aparições do Senhor, com a missão dada aos Onze
e a ascensão. O tema dominante é a falta de fé (vv. 11.13.14). A mediação da fé
é o testemunho. Não creram no testemunho de Maria Madalena, nem no testemunho
dos dois discípulos anônimos, uma possível menção ao relato dos discípulos de
Emaús de Lucas (24,13-35). Assim como criticava os seus discípulos durante a
sua vida terrestre (cf. 5,40), o Ressuscitado critica os Onze por causa de sua
falta de fé. A dureza do coração, aqui, é a resistência que se opõe à fé e que
impede de aceitar o testemunho como mediação da própria fé.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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