Com a celebração da Ceia do Senhor iniciamos o tríduo
pascal. É na última ceia de Jesus com os seus discípulos que, segundo o
evangelho de João, se dá o gesto simbólico do lava-pés que repetimos na
celebração eucarística. Para a literatura joanina, o tema do amor ocupa um
lugar central. Especificamente, para o quarto evangelho, a paixão de Jesus é
expressão do amor de Jesus pelos seus. A salvação é dom desse amor, e como tal
ela precisa ser compreendida e recebida. O mal que domina o coração de Judas é
uma força de sedução que distorce a realidade e atenta contra a vida (v. 2; cf.
Gn 3,1ss). A resistência a permitir que Pedro lavasse os pés de Jesus é por não
reconhecer no servo a figura do Messias. Mais ainda, é pela dificuldade em
aceitar um Messias que tenha de passar pelo sofrimento e pela morte. A resposta
de Jesus a Pedro afirma que a salvação é dom gratuito e, como tal, precisa ser
recebida, e o gesto simbólico deve se traduzir como atitude permanente na vida
do discípulo. Ser discípulo é ser servidor ao modo de Jesus. O gesto do
lava-pés condensa toda a vida de Jesus, que “não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28).
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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