Nesse dia as palavras devem ceder lugar ao silêncio e à
contemplação. Trata-se, ao fazer memória da paixão e morte do Senhor, de estar
com ele. É a oportunidade de permitir que o nosso olhar, encontrando Jesus no
seu sofrimento, nos transforme profundamente segundo a graça de Deus. Ao
apresentar Jesus à multidão, depois de ser duramente açoitado e humilhado,
Pilatos o faz com essas palavras: “Eis o homem!”. De fato, Jesus é o homem que
realiza o projeto de Deus para o ser humano feito à sua imagem e semelhança.
Mas esse homem é, também, o homem desfigurado pelo mal presente na humanidade,
desfigurado a ponto de não parecer humano pela maldade do coração do ser
humano. O que desfigura o servo de Deus é o mal que seduz e destrói. Aquele que
“passou pela vida fazendo o bem” é acusado, segundo nosso relato, de ser um
malfeitor. Aquele que só falou o bem e fez a muitos viverem pelo sopro de sua
palavra, aquele que é a Palavra encarnada do Pai, é condenado como blasfemo. A
iniquidade humana ceifa dramática e violentamente a vida, apoiando-se na
mentira, na confusão e na dissimulação. Mesmo no que a história humana tem de
mais perverso, Deus revela o seu plano de amor. Para nós que celebramos a
paixão do Senhor é ocasião de, olhando para o Crucificado, nos perguntarmos:
“Que poderei retribuir ao Senhor por tudo aquilo que ele me fez?”.
Fonte Carlos Alberto Contieri,
sj - Paulinas
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